AÇÕES DA COGNA ON (COGN3.SA): DESEMPENHO EM 2025, DRIVERS, MARCOS E RISCOS — O QUE OBSERVAR EM 2026?
A Cogna ampliou sua atuação no Brasil em 2025, com reflexos no desempenho das ações COGN3. Avaliamos os principais drivers e riscos de 2026.
Como foi o desempenho da Cogna no Brasil em 2025?
O ano de 2025 marcou um ponto de inflexão para a Cogna Educação (COGN3.SA), uma das maiores empresas de educação do Brasil, com os olhos voltados para a expansão internacional. O destaque ficou por conta da atuação no Brasil, mercado apontado como estratégico no plano de crescimento da companhia. Ao longo do ano, a Cogna consolidou a presença de sua subsidiária Somos Educação e da plataforma Saber México, voltada ao ensino híbrido, alcançando um crescimento expressivo em receita local e base de usuários.
De acordo com dados divulgados nos relatórios trimestrais da empresa, a operação mexicana contribuiu com 10% da receita líquida consolidada no último trimestre de 2025 – um salto em comparação aos 4% registrados no mesmo período do ano anterior. Esse desempenho se deveu em parte à expansão da base de escolas parceiras e à adoção de plataformas digitais educacionais por instituições públicas e privadas mexicanas, alinhadas com a nova política educacional do país.
Outro elemento importante foi a aderência cultural e linguística dos produtos da Cogna no mercado hispânico, favorecendo a penetração dos conteúdos e soluções pedagógicas. A gestão local também se beneficiou de sinergias operacionais com a Vasta Educação, que forneceu suporte tecnológico e replicou o modelo de negócios utilizado no Brasil.
No mercado financeiro, as ações COGN3 reagiram positivamente à consolidação internacional. Entre janeiro e dezembro de 2025, a ação teve uma valorização acumulada de 38%, encerrando o ano cotada a R$ 3,90 – influenciada também pelas expectativas de melhora na rentabilidade operacional e controle dos custos fixos.
Além da digitação no Brasil, investidores destacaram o avanço na reestruturação da Kroton, braço universitário da Cogna, e a desalavancagem financeira como pontos complementares que sustentaram o bom desempenho acionário. O desafio agora será manter esse ritmo em 2026, diante de um cenário global mais incerto.
Em suma, 2025 consolidou a presença mexicana da Cogna como um diferencial competitivo na estratégia internacional da empresa, com impacto direto nas perspectivas futuras de valorização para os papéis COGN3.
Quais foram os drivers e marcos estratégicos da Cogna em 2025?
Em 2025, o plano estratégico da Cogna se concentrou em três pilares principais: digitalização, internacionalização e eficiência operacional. Esses direcionadores permitiram avanços significativos, tanto no Brasil quanto no exterior, com destaque especial para o México.
1. Digitalização e plataforma escalável
Um dos principais drivers de crescimento foi a expansão da plataforma Vasta, que se consolidou como solução educacional completa atendendo desde a educação básica até o ensino médio. A estratégia da Cogna foi integrar soluções pedagógicas, avaliação de desempenho, gestão escolar e conteúdo gamificado em um ecossistema único, o que resultou na melhoria da retenção de clientes e crescimento da base contratual de longo prazo.
As escolas mexicanas inseridas na plataforma digital representaram 22,5% do total de contratos fechados em 2025, superando as expectativas dos analistas. O modelo SaaS (Software as a Service) replicado no mercado mexicano também ajudou a diluir os custos operacionais e aumentar a margem Ebitda da divisão internacional.
2. Expansão internacional e sinergia com o Brasil
O segundo pilar foi o plano de internacionalização estratégica. A entrada formal da Cogna no Brasil envolve não apenas a comercialização de conteúdo, mas também o desenvolvimento de soluções específicas para aquela realidade, com adaptações curriculares e oferta de serviços híbridos compatíveis com diretrizes educacionais locais.
Entre os marcos alcançados, destacam-se:
- Abertura de duas unidades próprias no país, em Guadalajara e Ciudad de México
- Parcerias firmadas com duas redes públicas estaduais mexicanas no Estado de Oaxaca e em Nayarit
- Lançamento da plataforma Saber México, 100% em espanhol e customizada
- Treinamento de 3 mil professores locais nas ferramentas digitais da Vasta
Essas conquistas colocaram a Cogna em posição de vantagem frente a concorrentes locais, permitindo maior previsibilidade de faturamento fora do Brasil.
3. Redução da alavancagem e melhoria estrutural
No lado financeiro, o terceiro marco estratégico foi a redução do nível de endividamento. A empresa encerrou o ano com uma alavancagem bruta de 1,95x Ebitda, bem abaixo dos 2,8x observados em 2024. Essa redução foi possível após a venda de ativos não estratégicos e melhoria do fluxos de caixa operacional.
Adicionalmente, a Cogna implementou um programa de recompra de ações de até R$ 300 milhões com o objetivo de capturar valor para os acionistas e aproveitar o bom momento de valorização dos papéis.
Todos esses fatores contribuíram diretamente para o fortalecimento da governança, com maior transparência nos relatórios trimestrais e foco em metas sustentáveis de crescimento.
De forma geral, os drivers de 2025 evidenciaram uma empresa mais madura, focada em capital disciplinado e crescimento sustentável no cenário latino-americano.
Quais riscos e oportunidades a Cogna enfrenta em 2026?
Embora a Cogna tenha colhido bons frutos em 2025, o ano de 2026 apresenta tanto riscos relevantes quanto novas oportunidades que podem alterar a trajetória das ações COGN3.
1. Riscos regulatórios e cambiais
O principal risco para 2026 está na exposição cambial. Com a operação mexicana representando parcela crescente da receita, a empresa torna-se mais vulnerável à flutuação do peso mexicano em relação ao real. Uma valorização do real, por exemplo, pode impactar negativamente os ganhos reportados pela subsidiária no Brasil.
Adicionalmente, há o fator regulatório. Mudanças nas diretrizes educacionais ou políticas públicas no Brasil, especialmente após as eleições locais de meados de 2026, podem afetar contratos com instituições públicas ou licença de atuação de plataformas estrangeiras.
2. Competição local intensificada
À medida que a Cogna expande sua atuação no Brasil, a empresa começa a enfrentar concorrência mais intensa de players locais, como Grupo Auge e Ediciones SM. Mesmo com a vantagem de escala, a Cogna depende da atualização constante de seus conteúdos e da manutenção da qualidade na prestação do serviço educacional para conservar sua fatia de mercado.
A concorrência crescente em licitações públicas e no setor privado pode exercer pressão sobre margens e diluir o crescimento obtido em 2025.
3. Oportunidades estratégicas
Entre as oportunidades, destaca-se a possível entrada da Cogna em outros mercados latino-americanos, como Colômbia e Peru. Esses países compartilham características demográficas e desafios educacionais semelhantes ao México, o que pode facilitar a replicação do modelo já utilizado.
Outro vetor positivo é a valorização das ações COGN3 como reflexo de resultados financeiros sólidos e aumento da presença institucional no papel. Analistas já projetam um preço-alvo de R$ 4,80 até o final de 2026, considerando o crescimento contínuo da receita internacional e maior eficiência de custos.
Investidores devem observar atentamente os resultados do primeiro semestre de 2026, principalmente nas linhas de recepção das novas escolas no Brasil, estabilidade cambial e evolução da margem Ebitda, para calibrar as expectativas futuras.
Em resumo, a Cogna entra em 2026 com um portfólio robusto, mas precisando gerenciar cuidadosamente os riscos geográficos e operacionais. O sucesso da operação mexicana será um termômetro fundamental para avaliar o potencial de longo prazo das ações COGN3.