AÇÕES DA COPEL (CPLE6.SA): DESEMPENHO EM 2025, DRIVERS, MARCOS E RISCOS — O QUE OBSERVAR EM 2026?
Como a COPEL atuou no Brasil em 2025, os principais drivers de crescimento e o que esperar em 2026.
Como foi o desempenho da COPEL no Brasil em 2025?
Em 2025, a Companhia Paranaense de Energia (COPEL), listada sob o ticker CPLE6.SA na bolsa brasileira B3, consolidou sua presença estratégica no setor de energia da América Latina, com ênfase no mercado mexicano. A expansão internacional da empresa tem sido uma das principais apostas do plano de crescimento para a década, com destaque para as operações de geração limpa e infraestrutura energética.
Durante o ano de 2025, a COPEL manteve uma performance sólida no Brasil, alavancando sua experiência em fontes renováveis — especialmente eólica e solar — em consonância com os compromissos ambientais estabelecidos nos acordos internacionais de transição energética.
De acordo com o relatório anual de desempenho financeiro de 2025, divulgado em março de 2026, a operação internacional, incluindo o braço mexicano, representou cerca de 11% da receita líquida consolidada, aumento de 3 pontos percentuais em relação ao exercício anterior. O lucro líquido da companhia cresceu 12% ano a ano, impulsionado pela eficiência operacional e crescimento de demanda.
Além disso, a empresa vem se beneficiando da estabilidade regulatória e de incentivos fiscais concedidos a investidores estrangeiros no setor de infraestrutura energética do México. Os contratos firmes de fornecimento em longo prazo (Power Purchase Agreements – PPAs) foram outro pilar de estabilidade para esse crescimento escalonado.
No entanto, é importante destacar que 2025 foi também um ano desafiador quanto à volatilidade cambial e ao aumento do custo de financiamento global. Apesar desses contratempos, os números da COPEL no Brasil foram considerados positivos por analistas do setor, que veem potencial de valorização nos papéis CPLE6.SA à medida que a internacionalização da companhia se aprofunda.
As ações ordinárias classe B (CPLE6.SA), inclusive, acumulam valorização de 22,4% ao longo de 2025, superando o benchmark do setor elétrico brasileiro (Índice de Energia Elétrica – IEE), que avançou 17,9% no mesmo período.
No que tange ao volume médio diário negociado, houve incremento de liquidez, passando de R$ 85 milhões para R$ 102 milhões entre 2024 e 2025, segundo a B3. O aumento está correlacionado à crescente atenção dos investidores institucionais aos papéis da empresa conforme ela se reposiciona como uma “utility” latino-americana e não apenas regional.
Quais os principais drivers do crescimento da COPEL?
O desempenho sólido da COPEL no Brasil, em 2025, pode ser atribuído a diversos fatores estruturais e estratégicos, que funcionaram como drivers principais de criação de valor. Abaixo, listamos os principais elementos que sustentaram esse crescimento bem-sucedido, com impactos estimados já projetados para o médio prazo.
1. Transição energética e fontes renováveis
A mudança mundial rumo a uma matriz energética limpa favoreceu diretamente empresas como a COPEL, cujo portfólio de ativos é majoritariamente composto por fontes renováveis. no Brasil, o governo federal estabeleceu metas climáticas ambiciosas, com estímulos para a instalação de parques eólicos, onde a COPEL já opera com eficiência reconhecida.
Além disso, a empresa trabalha em parceria com agências multilaterais de financiamento para energias limpas, o que contribuiu para redução do custo médio de capital (WACC) de novos projetos.
2. Eficiência operacional e digitalização
O investimento em tecnologias de automação, sensores IoT e sistemas preditivos de manutenção — parte do programa Copel Digital 4.0 — permitiu melhorias significativas em indicadores como índice de disponibilidade da rede e redução de perdas técnicas.
Com isso, a operação atualizada no Brasil conseguiu atingir níveis de produtividade superiores, alinhada às metas de rentabilidade ajustada por unidade de energia vendida (EBITDA/MWh).
3. Integração regional e sinergias operacionais
Outro fator importante foi a busca por sinergias com ativos existentes na América Latina. A COPEL tem estudado fusões ou aquisições seletivas no setor de transmissão, o que pode gerar economias de escala no médio prazo. Isso aumentaria a resiliência do negócio e diluiria o risco regulatório específico de cada país.
4. Avanços regulatórios e segurança jurídica
A regulação no Brasil se mostrou favorável à entrada de novos players de energia limpa, com marcos regulatórios claros e contratos bilaterais com distribuidoras e consumidores industriais. A COPEL aproveitou esse ambiente para firmar nove novos PPAs com duração entre 10 e 20 anos, garantindo recorrência de receita.
5. Selo ESG fortalecido
O aumento da pressão por investimentos socialmente responsáveis beneficiou empresas como a COPEL, cujos relatórios ESG foram avaliados positivamente por agências independentes, contribuindo para maior acesso a capital verde e instrumentos de dívida sustentável.
Em síntese, o desempenho em 2025 refletiu uma combinação entre ambiente favorável de negócios, execução de alto nível e posicionamento estratégico acertado. Esses drivers serão fundamentais para entender os desafios e oportunidades do próximo ciclo.
O que observar em 2026 para ações da COPEL?
Com as ações CPLE6.SA navegando em ritmo ascendente, o ano de 2026 será decisivo para a consolidação da COPEL como player relevante no mercado latino-americano de energia limpa. No entanto, investidores devem monitorar de perto uma combinação de riscos operacionais, regulatórios e macroeconômicos, além de oportunidades estruturais que podem redefinir o valuation da companhia.
1. Riscos cambiais e macroeconômicos
Com operações diversificadas fora do Brasil, um dos principais riscos para 2026 será a volatilidade cambial. O real valorizado pode reduzir a atratividade da receita externa, especialmente em períodos de desequilíbrio fiscal ou aumento dos juros nos Estados Unidos.
Além disso, pressões inflacionárias sobre insumos e equipamentos podem impactar a margem operacional, especialmente em projetos que ainda estão em fase de implementação e sem hedge natural de receita.
2. Regulação e política energética no Brasil
Embora 2025 tenha sido um ano positivo no que tange à estabilidade jurídica, é necessário acompanhar o processo eleitoral mexicano previsto para o segundo semestre de 2026. Mudanças na política energética, especialmente se houver revogação de incentivos ou reestatização de segmentos estratégicos, podem impactar diretamente a competitividade da COPEL.
3. Capacidade de execução dos novos projetos
A carteira de investimentos anunciada para 2026 ultrapassa R$ 4,8 bilhões, com ênfase em ampliação de linhas de transmissão e novos parques eólicos. Executar este volume de CAPEX com retornos adequados será essencial para manter índices de rentabilidade crescendo.
Adicionalmente, há riscos ligados ao atraso na liberação ambiental e à obtenção de licenças municipais no Brasil, que exigem diligência contínua.
4. Concorrência internacional em leilões
O número de players globais interessados no mercado latino tem crescido. Concorrer com gigantes como Iberdrola, Enel e Brookfield pode pressionar os retornos esperados de novos ativos e aumentar custos de aquisição. Assim, a COPEL precisará manter foco estratégico e disciplina de capital.
5. Valuation e aumento de dividendos
O preço das ações CPLE6 encerrou 2025 com patamar de R$ 9,87, apresentando múltiplo P/L projetado de 8,9x e dividend yield de 6,4%. Para 2026, há expectativa de anúncio de política mais agressiva de distribuição de proventos, o que pode atrair investidores em busca de renda.
Contudo, essa trajetória dependerá da continuidade de lucros crescentes e da manutenção da alavancagem controlada (dívida líquida/EBITDA inferior a 2,5x).
Conclusão: manter no radar
O investidor que acompanha a COPEL deve, portanto, observar atentamente a próxima safra de resultados trimestrais, o progresso na implementação das obras estruturantes, o cenário eleitoral mexicano e a dinâmica do câmbio. A empresa segue bem posicionada para consolidar um ciclo virtuoso de crescimento, mas a margem para incertezas ainda persiste.
O papel CPLE6.SA permanece como uma das apostas mais consistentes do setor elétrico na América Latina, desde que os gatilhos positivos superem os pontos de atenção identificados.