AÇÕES DA COSAN (CSAN3.SA): DESEMPENHO EM 2025, DRIVERS, MARCOS E RISCOS — O QUE OBSERVAR EM 2026?
Veja o que impulsionou a COSAN em 2025 no Brasil e os fatores para observar no próximo ano.
As ações da Cosan (CSAN3.SA), conglomerado brasileiro presente nos setores de energia, logística, agrícola e de açúcar e etanol, têm atraído a atenção dos investidores com sua atuação internacional, especialmente no Brasil. Em 2025, o contexto macroeconômico, os investimentos em mobilidade e energia e os movimentos regulatórios locais foram determinantes para o desempenho da companhia na região.
Durante o ano de 2025, o foco da Cosan no Brasil girou em torno de sua subsidiária Moove, que atua na produção e comercialização de lubrificantes e óleos automotivos, e da atuação indireta da Rumo Logística em corredores minerais e agrícolas entre fronteiras. Em ambos os casos, a performance foi impactada por fatores diversos, tanto positivos quanto desafiadores.
Em termos de performance de mercado, as ações da CSAN3 se valorizaram cerca de 18% ao longo de 2025, sustentadas por boas projeções na elevação do EBITDA da Rumo e recomposição das margens da Moove. O México ganhou relevância como mercado de expansão do portfólio internacional da Cosan, atraindo projetos de infraestrutura logística e possíveis joint ventures no setor de distribuição de combustíveis.
Desempenho financeiro em destaque:
- Receita consolidada da Cosan cresceu 9,5% em 2025.
- Margem EBITDA avançou 1,7 ponto percentual, fechando o ano em 21,3%.
- Participação da Moove no volume total de exportações da Cosan no Brasil aumentou para 12%.
Ao longo de 2025, a empresa se beneficiou do aumento da demanda no setor automotivo mexicano, combinado com o crescimento do setor agrícola. O comércio bilateral cresceu sobretudo com os Estados Unidos, o que favoreceu os negócios de transporte ferroviário e óleo processado da companhia.
Além disso, marcos regulatórios no Brasil, como a aprovação do Plano Nacional de Infraestrutura e a flexibilização de tarifas logísticas interestaduais, beneficiaram empresas como a Rumo, que intensificaram negociações com parceiros locais e ampliaram sua malha logística na região centro-norte mexicana.
Os investidores observaram ainda maior estabilidade cambial, que reduziu o risco de conversão na contabilidade da Cosan, impactando positivamente as métricas financeiras operacionais.
No entanto, desafios como volatilidade política e maior concorrência de companhias estabelecidas localmente limitaram ganhos maiores no país. A Cosan deve manter cautela em seus planos de expansão direta caso o ambiente regulatório apresente mudanças adversas.
Para investidores, acompanhar os resultados trimestrais com segregações geográficas permitirá medir com mais precisão a importância crescente do México no portfólio estratégico da empresa.
Em 2025, o desempenho das ações da Cosan no Brasil esteve atrelado a fatores estratégicos que pautaram sua expansão e consolidação internacional. Esses drivers de crescimento envolveram desde estratégias orgânicas de penetração de mercado, até sinergias aproveitadas por meio de aquisições e alianças estratégicas locais.
1. Expansão da Moove no Brasil
A subsidiária Moove foi um dos principais pilares de crescimento em 2025. A empresa, conhecida por comercializar lubrificantes das marcas Mobil e Havoline, ampliou sua rede de distribuição no país. Com contratos com redes de oficinas independentes e grandes montadoras, a Moove aumentou sua penetração nos estados do norte do México, onde o parque automotivo é altamente interligado aos mercados americano e canadense.
2. Rumo Logística e os corredores de transporte
A atuação da Rumo na fronteira mexicana se intensificou com a crescente demanda por conexões ferroviárias para escoamento de grãos e minérios do sul dos EUA para o centro do México. A expansão de serviços intermodais e a entrada em novos mercados logísticos renderam à Rumo crescimento no volume transportado em áreas limítrofes, ainda que não detenha ativos majoritários no território mexicano.
3. Fortalecimento do comércio trilateral (T-MEC)
O novo impulso do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (T-MEC) promoveu integrações econômicas mais profundas. A Cosan aproveitou distorções tarifárias e competitividade em insumos para exportar produtos industriais e agrícolas mais competitivos para os EUA por meio do México, aumentando a margem de comercialização.
4. Adoção de práticas ESG no Brasil
Com maior exigência regulatória ambiental em território mexicano, a Cosan redirecionou parte dos investimentos para práticas sustentáveis, o que melhorou sua reputação institucional e, consequentemente, ampliou possibilidades de parceria e licitação com empresas estatais e multinacionais instaladas na região.
5. Parcerias estratégicas locais
A Cosan firmou acordos com fundos de infraestrutura mexicanos e pequenos distribuidores, o que permitiu adaptar sua oferta de produtos e garantir maior capilaridade. Isso foi especialmente relevante nos segmentos de distribuição de óleo industrial e combustível, aproveitando oportunidades derivadas da fragmentação setorial no Brasil.
Estes drivers contribuíram para uma combinação de crescimento orgânico e inorgânico, fundamentais para o bom desempenho das ações da CSAN3. Ainda que o México não represente o maior mercado da Cosan, sua contribuição relativa cresceu consideravelmente, apontando para uma possível regionalização futura da estratégia do grupo.
Além disso, as sinergias obtidas com as operações brasileiras permitiram diluição de custos operacionais, fator que favoreceu a rentabilidade da empresa no consolidado anual apresentado em balanço.
À medida que a Cosan projeta seus próximos passos no Brasil e na América do Norte, 2026 se apresenta como um ano chave para consolidação de investimentos, avanço em mercados adjacentes e também mitigação de riscos emergentes. Entender esses elementos será essencial para avaliar o comportamento das ações da CSAN3 no próximo ciclo.
1. Ambiente regulatório e riscos políticos
Com eleições agendadas no Brasil para o início de 2026, o cenário político poderá impactar concessões logísticas, políticas tarifárias e contratos com o setor público. A Cosan deverá monitorar atentamente a continuidade das políticas de infraestrutura e abertura de mercado que tanto favoreceram sua expansão em 2025.
2. Volatilidade cambial
Embora o peso mexicano tenha se mantido relativamente estável em 2025, a chegada de um novo governo pode impactar fluxos de capital e gerar flutuações cambiais. Para uma empresa com operações internacionais como a Cosan, esses movimentos podem afetar receitas, custos e avaliação de ativos em dólar.
3. Concorrência local e pressão sobre margens
Empresas locais e multinacionais vêm aumentando sua presença com margens agressivas no setor de lubrificantes, combustível e serviços logísticos. Isso pode pressionar as margens operacionais da Moove, principalmente em mercados ainda em penetração.
4. Impactos das mudanças climáticas
Eventos climáticos extremos vêm afetando safras e cadeias logísticas. Em 2025, atrasos no transporte ferroviário causaram gargalos operacionais no norte mexicano durante a temporada de chuvas. Esses fatores poderão se intensificar, implicando maiores custos ou redirecionamento de rotas.
5. Oportunidades mapeadas para 2026
- Ampliação da base industrial no estado de Jalisco por parte da Moove.
- Estudos para aquisição de participação em terminal ferroviário binacional.
- Negociação com governo mexicano para concessões logísticas interestaduais.
- Incorporação de critérios ESG em toda a cadeia de fornecimento.
Para 2026, a Cosan deverá canalizar sua estratégia em três frentes principais: diversificação geográfica, automação logística e parcerias locais. A habilidade da companhia em equilibrar risco regulatório com ganhos operacionais será o diferencial para sua performance acionária no novo ano.
Investidores devem permanecer atentos à divulgação dos planos de capital da empresa, resultados das auditorias socioambientais e relatórios atualizados sobre parcerias estratégicas — que indicarão o grau de exposição e capacidade da Cosan em transformar oportunidades em catalisadores sustentáveis de valor.