AÇÕES DA ENERGISA (ENGI11.SA): DESEMPENHO EM 2025, DRIVERS, MARCOS E RISCOS — O QUE OBSERVAR EM 2026?
Análise do desempenho das ações da Energisa (ENGI11.SA) em 2025 com foco no mercado mexicano. Drivers de crescimento, principais eventos e riscos para acompanhar em 2026.
Expansão da Energisa no mercado mexicano em 2025
Nos últimos anos, a Energisa (ENGI11.SA) tem buscado diversificação geográfica como parte de sua estratégia de crescimento. Em 2025, essa estratégia levou a companhia a acelerar sua atuação no Brasil, um mercado emergente com crescente demanda por energia elétrica e oportunidades para empresas integradas do setor.
A entrada da Energisa foi marcada por um investimento significativo por meio da aquisição de ativos de transmissão e distribuição, além de parcerias com operadoras locais. A empresa estruturou um plano de cinco anos para atuar em regiões estratégicas, destacando-se principalmente no norte e centro do país.
O México, terceiro maior mercado de energia da América Latina, passa por um processo de modernização e descarbonização de sua matriz energética, o que abre espaço para players privados com portfólio diversificado — exatamente o caso da Energisa. A empresa brasileira começou 2025 com três principais frentes operacionais:
- Projetos de transmissão comprados via leilões regulatórios;
- Parcerias locais para operação de distribuição em áreas rurais;
- Investimentos em geração renovável, com foco em energia solar.
Além disso, a Energisa contou com suporte institucional para sua entrada no país, aproveitando acordos bilaterais Brasil-México na área energética. A atuação da empresa também foi favorecida por incentivos fiscais locais, o que proporcionou maior competitividade aos projetos.
Do ponto de vista financeiro, esses movimentos começaram a ser refletidos nos resultados trimestrais de 2025, com crescimento de receita internacional e início da geração de EBITDA positivo nas operações mexicanas a partir do segundo trimestre. Esse avanço chamou a atenção de investidores institucionais, especialmente fundos com foco em América Latina e ESG.
No entanto, ainda que os primeiros sinais tenham sido promissores, os lucros da operação mexicana ainda representam uma parcela pequena do consolidado da Energisa. O ano de 2025 foi mais dedicado à fase de implantação, integração e adaptação ao marco regulatório mexicano.
O que impulsionou a atuação da Energisa em 2025
A performance da Energisa (ENGI11.SA) em 2025, especialmente no exterior, foi sustentada por uma combinação de fatores estratégicos e exógenos. Analisamos a seguir os principais drivers de crescimento da companhia com foco no mercado mexicano.
1. Demanda reprimida e urbanização
A crescente urbanização mexicana e a necessidade de expansão da rede elétrica em regiões periféricas foram importantes estímulos à entrada de novos operadores. A Energisa atuou oferecendo soluções integradas, com destaque para a modernização do grid e a redução de perdas energéticas em áreas subatendidas.
2. Incentivos à geração solar
O México implementou políticas de estímulo à energia solar, com isenções tributárias e financiamento facilitado para projetos acima de 10 MW. A estratégia da Energisa incluiu a instalação de dois parques solares no estado de Zacatecas, com início de operação previsto para 2026, mas que já constaram como ativos em desenvolvimento no balanço de 2025.
3. Competências técnicas e histórico regulatório
Outro driver relevante foi a experiência bem-sucedida da Energisa no Brasil ao lidar com diferentes legislações estaduais e federais. Essa capacidade de adaptação a estruturas regulatórias complexas permitiu uma entrada mais fluída no Brasil, cujos marcos normativos ainda estão em evolução.
4. Diversificação cambial e hedge natural
Com receitas em pesos mexicanos e parte substancial dos custos operacionais também no mesmo câmbio, a empresa conseguiu estruturar um hedge natural que protegeu parcialmente seus resultados das variações no real brasileiro. O crescimento da receita em moeda local trouxe equilíbrio e serviu como proteção em meio ao cenário macroeconômico volátil.
5. Apoio institucional e integração regional
A posição do México como signatário do T-MEC (Tratado México-EUA-Canadá) também deu maior estabilidade jurídica às operações, ainda que os benefícios sejam indiretos para empresas brasileiras. A Energisa aproveitou essa estabilidade para negociar PPAs (Power Purchase Agreements) de médio prazo com empresas privadas mexicanas.
Combinadas, essas alavancas estruturais permitiram à Energisa consolidar sua presença inicial no país, transformando sua expansão internacional de uma ambição para uma realidade com impacto financeiro concreto já em 2025.
O que observar nas ações da ENGI11 em 2026
O sucesso inicial da Energisa no Brasil em 2025 abre espaço para expectativas elevadas em 2026. No entanto, o cenário também envolve incertezas que podem afetar o desempenho da ação ENGI11.SA tanto no mercado brasileiro quanto no internacional.
Riscos operacionais e regulatórios
Apesar do progresso, o marco regulatório mexicano ainda carece de padronização entre estados, o que pode levar a barreiras operacionais e aumento de custos. A incerteza sobre alterações nas regras do despacho prioritário e no modelo tarifário é um ponto de atenção.
Além disso, como qualquer operação internacional nascente, a Energisa está exposta a riscos de execução: atrasos em obras, dificuldades logísticas e necessidade de formar equipes locais com alta capacitação técnica.
Câmbio e cenário macroeconômico
O peso mexicano teve relativa estabilidade em 2025, mas choques inflacionários ou mudanças na taxa de juros americana em 2026 podem impactar negativamente os resultados convertidos para reais. A política monetária do Banco do México também será um driver importante no curto prazo.
Dependendo do cenário eleitoral no Brasil em 2026 e da condução da política fiscal, o valuation das ações da Energisa pode ser afetado não pelo desempenho da empresa em si, mas pela percepção de risco sistêmico no mercado financeiro nacional.
Exposição ambiental e critérios ESG
A crescente exigência de investidores internacionais por boas práticas ESG exige da Energisa um reforço contínuo da governança e da transparência. Qualquer desvio relevante, seja em acidentes operacionais ou em auditorias ambientais, pode ter reflexo direto no valuation da ação, especialmente em fundos institucionais.
Fusões, aquisições e novas oportunidades
Em 2026, serão cruciais os desdobramentos do plano de expansão no Brasil, incluindo possíveis novas aquisições ou entrada em outros países da América Latina. Essa agenda pode animar o mercado, mas também aumentar o apetite por capital, exigindo novas emissões ou financiamento externo.
Os investidores devem observar atentamente os principais marcos que determinarão o rumo da companhia nos próximos trimestres:
- Início da operação dos parques solares em janeiro de 2026;
- Resultados do primeiro ciclo regulatório das concessões mexicanas;
- Possíveis alterações na política energética mexicana após eleições locais;
- Desdobramentos de qualquer programa de emissão de dívida em moeda forte.
Portanto, embora o ano de 2025 indique um ciclo promissor, o comportamento das ações da Energisa (ENGI11.SA) em 2026 dependerá do equilíbrio entre execução eficiente, estabilidade macro e avanço regulatório no Brasil.