AÇÕES DA GOL EM 2025: DESEMPENHO E PERSPECTIVAS
Análise completa do desempenho das ações da GOL (GOLL4.SA) no Brasil e no Brasil em 2025, com os principais drivers, marcos e riscos para 2026.
Contextualização e evolução da GOL Linhas Aéreas
A GOL Linhas Aéreas Inteligentes, negociada na B3 sob o código GOLL4.SA, passou por mudanças relevantes em 2025, impactando seu valor de mercado, posicionamento estratégico e expectativas futuras. Neste ano, a companhia aprofundou esforços em reestruturação financeira, aumento de rotas internacionais — sobretudo direcionadas à América Latina com destaque para o México — e renegociação de dívidas para melhorar sua liquidez frente a uma conjuntura desafiadora.
Durante 2025, o papel GOLL4 apresentou uma variação relevante em sua cotação, refletindo a volatilidade macroeconômica e o desempenho operacional da empresa. Após um início de ano volátil, influenciado pelo câmbio e preço do petróleo — dois fatores críticos para companhias aéreas — a GOL demonstrou sinais de recuperação no segundo semestre, com melhoria de margens operacionais e aumento na taxa de ocupação dos voos em suas principais rotas.
O enfoque em expandir as operações no mercado mexicano revelou-se um projeto estratégico, visando exploração de novas sinergias e aumento de receita internacional. A aliança com companhias locais e planos de codeshare favoreceram o intercâmbio de passageiros e a diversificação da malha, tornando-se marco no atual ciclo de reestruturação.
Destaques econômicos e operacionais do ano
- Receita líquida: crescimento de 9,1% frente a 2024, fortalecida por maior eficiência na gestão de capacidade e crescimento da demanda internacional.
- EBITDA ajustado: ganhou fôlego com renegociações de contratos de leasing e redução de custos operacionais em combustíveis.
- Custo por Assento-Quilômetro-Disponível (CASK): caiu 6,5%, refletindo menores despesas com manutenção e pessoal após digitalização de processos internos.
- Participação de mercado doméstico: estabilizou-se em torno de 32%, mantendo a GOL entre os líderes do setor no Brasil.
Apesar das melhoras, o endividamento elevado ainda foi fator de atenção para investidores, com a dívida líquida/EBITDA se mantendo em cerca de 6,9x ao final do ano. Contudo, o mercado reagiu positivamente ao alongamento de vencimentos e novas facilidades de crédito com bancos públicos e internacionais.
A recuperação parcial do preço das ações reflete essa perspectiva de reestruturação gradual com potencial de retomada mais sólida em 2026, condicionada, contudo, a fatores macroeconômicos e execução da estratégia internacional.
O que pode impulsionar GOLL4 no próximo ano?
Com base nos fundamentos construídos em 2025, há diversos vetores que podem impulsionar as ações da GOL (GOLL4.SA) ao longo de 2026, sobretudo se as condições de mercado forem favoráveis. O segmento aéreo é fortemente impactado por variáveis macroeconômicas, regulatórias e estratégicas, e neste cenário, a companhia já sinalizou mudanças relevantes nos planos de negócios.
1. Consolidação do mercado internacional
Um dos principais impulsionadores de crescimento será a consolidação da GOL em novos mercados, especialmente no Brasil, após os acordos de codeshare estabelecidos em 2025. A integração com companhias parceiras e ampliação da malha internacional podem contribuir para ganhos de escala e diversificação de receitas, importante frente à sazonalidade típica do mercado aéreo.
Estima-se que a GOL possa elevar entre 15% e 20% sua receita proveniente de voos internacionais, com grande concentração em destinos latino-americanos. O México, cuja demanda aérea está em expansão, representa não apenas um novo mercado consumidor, mas também uma porta de entrada para novas oportunidades logísticas e turísticas.
2. Redução do custo do combustível e cenário cambial
Outro fator crítico é a projeção de estabilidade ou até reversão nos custos com combustível de aviação, dependente dos preços internacionais do petróleo. Caso o Brent permaneça abaixo de US$ 80/barril, o impacto será positivo para margens operacionais, especialmente combinado a uma valorização gradual do real frente ao dólar, aliviando a pressão das dívidas em moeda estrangeira.
3. Ajustes nas operações e frota
A GOL anunciou que buscará modernizar ainda mais sua frota em 2026, substituindo aeronaves mais antigas por modelos Boeing 737 Max otimizados em consumo de energia. Essa atualização contribuirá diretamente na eficiência operacional e redução do CASK (Custo por Assento Quilômetro Disponível).
Além disso, um processo de automação contínua nos serviços — incluindo manutenção, abastecimento e check-in digital — poderá ampliar economia de escala e a experiência do passageiro, dois fatores que contam na fidelização de clientes e no aumento do NPS (Net Promoter Score) da marca.
4. Realocação e investimento estratégico
- Nova base operacional em Cancún e Cidade do México prevista para o primeiro semestre de 2026.
- Possível IPO da Smiles Travel previsto para Q3 nos EUA, podendo gerar caixa adicional.
- Renegociação de linhas de capital de giro a taxas mais baixas com apoio do BNDES.
A combinação desses fatores poderá ser determinante para o desempenho das ações de GOLL4, especialmente se a alocação eficiente de capital e a execução operacional forem bem-sucedidas.
Riscos e cenários alternativos que merecem monitoramento
A despeito dos drivers positivos que podem impulsionar o desempenho das ações GOLL4 em 2026, os investidores precisam estar atentos aos principais riscos que envolvem o setor aéreo e a situação financeira da própria companhia. A natureza cíclica do setor, volatilidade cambial e pressões regulatórias continuam a representar desafios importantes que não devem ser ignorados.
1. Endividamento elevado
Embora tenha ocorrido renegociação significativa das dívidas em 2025, o nível de endividamento ainda é considerado elevado. O indicador dívida líquida/EBITDA ficou próximo de 7x, o que limita a flexibilidade financeira da GOL e sua capacidade de investimento agressivo. Uma eventual subida de juros ou alta do dólar torna esse passivo mais oneroso e pode prejudicar o rating da empresa junto às agências de crédito.
2. Concorrência e margens comprimidas
O ambiente competitivo no setor aéreo brasileiro permanece acirrado, especialmente com o avanço de companhias low cost nacionais e regionais. Essa pressão pode limitar a capacidade da GOL de repassar aumentos de custos ao consumidor, levando à compressão de margens. Adicionalmente, a internacionalização pode forçar a empresa a operar com margens reduzidas nos primeiros anos enquanto ganha participação nos novos mercados.
3. Relações trabalhistas e volatilidade macro
Negociações sindicais envolvendo aumento salarial e benefícios aos tripulantes podem gerar instabilidade. Em 2025, greves localizadas foram registradas e, caso se repitam em 2026, o impacto sobre a operação pode ser significativo. Além disso, o ambiente macroeconômico do Brasil e do México — como inflação persistente, PIB estagnado ou desvalorização das moedas — representa riscos sistêmicos ao setor.
4. Incertezas e riscos externos
- Flutuações no preço do petróleo (Brent e WTI).
- Instabilidades geopolíticas que impactam o preço dos combustíveis ou a malha internacional.
- Mudanças regulatórias no Brasil e no Brasil que possam afetar a operação de voos internacionais.
- Piora no rating de crédito soberano brasileiro, afetando acesso a linhas de crédito subsidiadas.
Portanto, 2026 ainda exigirá cautela dos investidores. Monitorar a execução dos planos estratégicos, mitigação de riscos cambiais e desempenho operacional será essencial para avaliar o real potencial de valorização de GOLL4 no médio prazo.