AÇÕES DA GRUPO NATURA (NTCO3.SA): DESEMPENHO EM 2025, DRIVERS, MARCOS E RISCOS — O QUE OBSERVAR EM 2026?
GRUPO NATURA no Brasil: análise dos resultados de 2025, drivers estratégicos, riscos e marcos para 2026
O Grupo Natura (NTCO3.SA), um dos principais nomes no setor de cosméticos e cuidados pessoais da América Latina, passou por importantes movimentos estratégicos no mercado mexicano em 2025. Este artigo explora o desempenho da companhia no Brasil, os principais drivers que impulsionam seus resultados, os principais eventos registrados no ano, os riscos monitorados por investidores e o que acompanhar com atenção em 2026 para avaliação do desempenho futuro da companhia.
Após anos de esforços para consolidar sua presença no Brasil, o Grupo Natura colheu frutos importantes em 2025. A região tem se consolidado como mercado prioritário na estratégia de crescimento internacional da companhia. As ações NTCO3.SA, negociadas na B3, têm refletido a percepção do mercado sobre as operações internacionais da empresa, com destaque para países da América Latina.
O México, com mais de 126 milhões de habitantes e uma crescente classe média, representa uma oportunidade estratégica no setor de produtos de beleza. A população jovem e a mudança nos padrões de consumo cosmético conferem ao país um potencial significativo de crescimento para empresas como a Natura.
Em 2025, o Grupo Natura implementou uma série de iniciativas para ampliar sua presença e efetividade operacional no país. Isso incluiu investimentos em digitalização do canal de vendas por consultoria, adequações no mix de produtos ao gosto local e esforços de integração logística após a venda da The Body Shop em 2023, o que causou reorganizações operacionais significativas em toda a estrutura internacional da empresa.
Com operações através do modelo de venda direta, canais digitais e pontos físicos selecionados, a companhia aumentou a sua penetração regional e sua eficiência de distribuição. Internamente, analistas apontam como destaque o avanço na rentabilidade das operações mexicanas, contribuindo positivamente para os resultados consolidados da América Latina, com reflexos na avaliação do papel NTCO3.SA.
Contudo, o desempenho das ações ainda seguiu sendo impactado por alguns fatores estruturais, como a complexidade cambial entre real e peso mexicano, pressões inflacionárias nos insumos importados e a adaptação regulatória local — especialmente no tocante à rotulagem de fragrâncias e cosméticos conforme nova legislação sanitária mexicana.
Outro aspecto relevante observado em 2025 foi a crescente competição local de marcas regionais e internacionais, exigindo ajustes nos preços e campanhas agressivas de marketing. A Natura respondeu com ampliação do portfólio de produtos sustentáveis e reposicionamento de linhas premiadas, como Ekos e Chronos, voltadas para os gostos locais.
O ano também foi marcado pela preparação para a nova estratégia da empresa para toda a América Latina, com o México sendo tratado como hub estratégico. Isso deve impactar as decisões em 2026 e ser monitorado pelo mercado à medida que forem reveladas as metas para novos investimentos e metas de lucro operacional até 2028.
O desempenho da Natura no mercado mexicano em 2025 foi impulsionado por uma combinação de fatores estratégicos, operacionais e de reposicionamento institucional. A seguir, destacamos os principais drivers que sustentaram o crescimento e os marcos mais relevantes que marcaram o ano da empresa no país:
1. Fortalecimento dos canais digitais e diretos
A companhia reforçou sua posição digital com iniciativas importantes como a melhoria da aplicação "Meu Espaço Natura" para revendedores mexicanos, expansão da base de consultoras digitais e personalização de ofertas via Machine Learning de recomendações de produtos. A digitalização permitiu maior proximidade com os consumidores finais e agilidade no atendimento pós-venda.
2. Adaptação do portfólio ao consumidor mexicano
Em 2025, foram feitas customizações importantes no portfólio voltadas para as preferências locais. Houve o relançamento de fragrâncias com perfis olfativos ajustados para o público mexicano e a introdução de uma linha exclusiva com ingredientes regionais, o que melhorou o engajamento da marca com os consumidores e aumentou a frequência de recompra.
3. Sustentabilidade como vetor de diferenciação
Natura continuou a investir em sua marca como sinônimo de impacto ambiental positivo. A comunicação em torno de ingredientes naturais, embalagens recicláveis e carbono neutro aumentou e ressoou fortemente junto às novas gerações mexicanas, alinhando-se às tendências globais de ESG e sustentabilidade.
4. Eficiência operacional e revisão logística
A integração logística após a saída da The Body Shop permitiu que a companhia reestruturasse rotas de distribuição, centros de armazenagem e sistemas de previsão de demanda com inteligência artificial. Isso trouxe redução de custos relevantes e aumento na margem operacional na região.
5. Marcos institucionais e expansão regional
No campo institucional, a Natura fortaleceu laços com entidades mexicanas de regulamentação sanitária e fiscalização de cosméticos, reforçando sua governança. Incrementou parcerias com universidades locais para pesquisa em biocosméticos e ampliou sua atuação para novas cidades e territórios antes não explorados comercialmente.
Além disso, 2025 foi um ano fundamental na construção do pipeline de lançamentos para 2026, com previsões de ampla renovação no portfólio e integração omnichannel mais forte. Esses marcos levaram a analistas a revisarem as estimativas de Ebitda da operação México para cima, refletindo essa nova fase de expansão e maturidade estratégica.
Embora a Natura tenha alcançado progressos significativos em 2025 no mercado mexicano, o cenário para 2026 traz uma série de desafios e incertezas que os investidores devem monitorar de perto. Os seguintes pontos representam os principais riscos e vetores de atenção para o desempenho da companhia no próximo ciclo anual:
1. Risco cambial persistente
As operações da Natura no Brasil são afetadas diretamente pela variação cambial entre o real e o peso mexicano. Flutuações desfavoráveis podem impactar negativamente os lucros líquidos reportados em reais e aumentar a volatilidade das margens. Estratégias de hedge cambial podem mitigar parte desse risco, mas não o eliminam totalmente.
2. Concorrência crescente no setor
O setor de cosméticos e cuidados pessoais no Brasil vem registrando entrada de novos players internacionais e fortalecimento de marcas locais. Isso eleva a competição por market share, exige investimentos maiores em marketing e pode pressionar margens com campanhas promocionais mais agressivas. A diferenciação contínua será fundamental para manter o espaço conquistado.
3. Regulação sanitária e burocracias locais
A implementação plena de normas sanitárias mais rígidas no Brasil, previstas para 2026, poderá impactar diretamente o custo operacional e a agilidade no lançamento de novos produtos. Adaptações em embalagens, fórmulas e documentação técnica terão que ser feitas em tempo hábil para evitar barreiras comerciais e sanções regulatórias.
4. Sustentabilidade versus custo
Investimentos em embalagens recicláveis, produção vegetalizada e transporte de baixo carbono continuarão sendo diferenciais para a marca, mas podem encarecer a operação, especialmente em um momento de pressão por rentabilidade. O desafio será equilibrar o propósito ESG com metas financeiras diante da expectativa de maior eficiência.
5. Ambiente político e instabilidade na América Latina
O México enfrenta cenários políticos domésticos potencialmente instáveis, com mudanças regulatórias rápidas e ajustes tributários setoriais. Além disso, a conjuntura más ampla da América Latina em 2026 pode impactar os planos regionais da Natura, afetando inclusive tomadas de decisão estratégicas centralizadas em São Paulo.
Por fim, o desempenho da NTCO3.SA continuará sendo acompanhado com atenção por fundos institucionais e analistas do mercado. Indicadores como evolução do Ebitda regional, retorno sobre capital empregado (ROCE) no Brasil, crescimento das vendas digitais e evolução da base de consultoras ativas serão decisivos para ditar o tom da performance das ações em 2026.
Investidores devem, portanto, ajustar seus modelos de precificação com base nesses vetores e acompanhar de perto os guidance oficiais trimestrais da companhia, especialmente os que detalharem a evolução do plano estratégico 2024-2028 na região.