AÇÕES DA GRUPO SOMA (SOMA3.SA): DESEMPENHO EM 2025, DRIVERS, MARCOS E RISCOS — O QUE OBSERVAR EM 2026?

Resultados da GRUPO SOMA (SOMA3.SA) no Brasil em 2025

A entrada e o desempenho do Grupo SOMA (código SOMA3.SA) no mercado mexicano em 2025 têm sido objeto de atenção crescente no mercado financeiro. A companhia, uma das maiores do setor de moda premium no Brasil, vem buscando internacionalizar suas marcas, com ênfase para a Farm, Animale e outras grifes do portfólio. A expansão no Brasil representa uma importante incursão em um mercado latino promissor e em crescimento no segmento de moda e lifestyle.

Durante o exercício de 2025, a GRUPO SOMA reportou crescimento de receita no segmento internacional, apoiado principalmente pelas operações de varejo e e-commerce em solo mexicano. Segundo os dados preliminares do balanço anual, o faturamento vindo do México representou aproximadamente 8% da receita líquida internacional do grupo, com projeção de alcançar dois dígitos em 2026, caso a tendência se mantenha.

A marca Farm foi a principal responsável por puxar esse crescimento, tendo aberto três lojas físicas nas cidades do México, Monterrey e Guadalajara, acompanhadas de forte ativação digital local. O apelo estético brasileiro encontrou boa receptividade entre o público jovem urbano mexicano, especialmente nas faixas de renda média-alta.

Além disso, a adaptação do portfólio para o clima, cultura e comportamento de consumo local ajudou a marca a fortalecer sua presença. A taxa de recompra online registrada no Brasil ficou acima da média dos mercados internacionais da marca, sinalizando fidelização já nos primeiros meses completos de operação.

Do lado operacional, a empresa também investiu em estrutura logística descentralizada na América Latina, utilizando hubs regionais para melhorar a entrega e reduzir custos operacionais. Isso refletiu positivamente na margem bruta das operações mexicanas, que atingiu cerca de 58%, próxima da margem consolidada do Grupo SOMA.

No entanto, o plano de expansão foi executado com cautela: nenhuma aquisição foi feita no mercado mexicano e o modelo de operação foi predominantemente orgânico, baseando-se no crescimento das lojas próprias e canais digitais, diferentemente da estratégia de aquisições adotada no Brasil.

O principal indicador a ser observado para 2026 será a consolidação das marcas no varejo local, bem como os números do e-commerce, que ainda oferecem grande potencial de penetração. As projeções são moderadamente otimistas, dado o cenário econômico estável do México em 2025 e as políticas monetárias favoráveis ao consumo.

Em suma, o desempenho da SOMA3 no Brasil em 2025 foi positivo, consolidando a América Latina como foco estratégico de expansão internacional. Pelo ritmo atual, o país tem potencial para se tornar o segundo maior mercado externo da GRUPO SOMA até 2027.

Principais drivers da presença da SOMA3 no Brasil

Diversos fatores têm impulsionado a performance da GRUPO SOMA no Brasil em 2025, sendo relevantes para os investidores que acompanham o papel SOMA3.SA na B3. A seguir, analisamos os drivers econômicos, estratégicos e setoriais que apoiaram esse movimento:

1. Demanda por marcas internacionais

O público mexicano tem demonstrado maior interesse por marcas estrangeiras, sobretudo ligadas ao lifestyle e à moda urbana. A demanda reprimida por grifes que não estão amplamente disponíveis no país criou um espaço para empresas como a Farm, cuja estética brasileira exótica se destacou entre marcas locais e multinacionais.

2. Crescimento do e-commerce na região

O México é um dos países com crescimento mais acelerado no e-commerce na América Latina, com aumento superior a 30% ao ano em 2023–2025. Este movimento favoreceu as vendas da SOMA3 por canais digitais, especialmente nas cidades fora do eixo metropolitano, onde a presença física da empresa é reduzida.

3. Acordos comerciais e impostos reduzidos

O México possui acordos comerciais favoráveis com o Brasil e outros países latino-americanos via Mercosul e outros tratados multilaterais. Isso permitiu à empresa reduzir tarifas de importação sobre insumos e produtos acabados, facilitando o abastecimento e tornando os preços mais competitivos.

4. Estratégia de branding regional

A GRUPO SOMA promoveu campanhas de marketing com influenciadoras mexicanas e públicas locais para gerar identificação cultural. Essa estratégia de localização da marca permitiu maior engajamento do público e ajudou no posicionamento das marcas como autênticas e premium ao mesmo tempo.

5. Força da moeda local

Em 2025, o peso mexicano teve desempenho estável frente ao real e ao dólar, o que trouxe previsibilidade às operações em moeda estrangeira. Isso favoreceu os controles de custo e as margens do Grupo SOMA no Brasil. A ausência de volatilidade cambial significativa ajudou na projeção orçamentária da empresa.

6. Baixo custo de entrada e competição moderada

Ao contrário de mercados como Europa ou Estados Unidos, onde o custo para novas operações é elevado, o México ainda apresenta barreiras baixas à entrada. Além disso, o setor de moda premium ainda é dominado por perfis locais ou grandes conglomerados europeus, abrindo espaço para marcas inovadoras de fora da região.

Esses fatores, combinados com uma operação eficiente e modelada para o mercado mexicano, explicam a rápida aceitação da marca Farm e o desempenho resiliente da SOMA3. Para 2026, o investimento em ampliar o sortimento e aumentar a frequência de coleções locais deverá atuar como mais um catalisador de crescimento.

Riscos a monitorar e perspectivas para 2026

Apesar do bom desempenho da SOMA3 no Brasil em 2025, alguns riscos e incertezas ainda rondam a operação futura da empresa naquele país. Investidores devem estar atentos aos seguintes fatores críticos que podem impactar as ações do Grupo SOMA no horizonte 2026:

1. Risco cambial e macroeconômico

Embora 2025 tenha sido um ano de estabilidade, oscilações futuras no peso mexicano ou políticas econômicas restritivas podem afetar a demanda local por bens de consumo discricionário, como moda premium. Além disso, uma desvalorização cambial pode reduzir as margens operacionais da empresa localmente.

2. Concorrência crescente

À medida que o México se confirma como um mercado atrativo, há possibilidade de novas entradas de concorrentes internacionais e locais. Redes como Zara, H&M e outras marcas latino-americanas estão investindo em expansão regional e digital, o que pode aquecer a disputa por market share e elevar os custos publicitários.

3. Execução operacional

A escala ainda relativamente pequena da operação mexicana representa risco operacional. Problemas logísticos, atrasos de coleção ou falhas na execução das estratégias locais podem afetar as vendas e comprometer a reputação da marca. O desafio é equilibrar padronização global com personalização local.

4. Capacidade de adaptação cultural

Apesar da boa recepção inicial, adaptar-se de modo contínuo ao comportamento e expectativas dos consumidores mexicanos requer alto grau de sensibilidade cultural. A percepção de ‘marca estrangeira’ pode se tornar um entrave, se não houver genuína identificação e representatividade local no longo prazo.

5. Marcos regulatórios e comerciais

Alterações tributárias, restrições à importação ou mudanças nas regras de compliance podem impactar insumos importados e estratégias de precificação. A GRUPO SOMA deverá manter times jurídicos atentos a mudanças no ambiente regulatório mexicano e latino-americano.

Perspectivas para 2026

Para 2026, a companhia indica em seus guiamentos preliminares a intenção de duplicar a presença digital no Brasil e abrir pelo menos duas novas unidades físicas. O foco será em cidades emergentes com população jovem e acesso crescente a crédito. Também estão previstas parcerias com marketplaces locais, além de investimento em centros logísticos regionais para reduzir prazos médios de entrega.

Do ponto de vista financeiro, a expectativa é que a contribuição do México ultrapasse os 10% da receita internacional, com margens semelhantes ou superiores às registradas em 2025. A manutenção da alavancagem controlada e a geração positiva de fluxo de caixa continuam como prioridades.

Dessa forma, apesar dos riscos mapeados, a GRUPO SOMA se posiciona de forma estratégica e conservadora para capturar oportunidades no Brasil. É um ponto de atenção importante para investidores que buscam exposição ao varejo internacional via ações brasileiras.