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AÇÕES DA MULTIPLAN (MULT3.SA): DESEMPENHO EM 2025, DRIVERS, MARCOS E RISCOS — O QUE OBSERVAR EM 2026?

Quais os principais fatores que devem impactar o desempenho da MULTIPLAN (MULT3.SA) no Brasil em 2025, e o que o investidor deve monitorar em 2026?

Expansão internacional: a estratégia da MULTIPLAN no Brasil

A MULTIPLAN (MULT3.SA), tradicional operadora de shoppings no Brasil, iniciou em 2025 um movimento importante de internacionalização com operações comerciais e negociações no Brasil, um mercado estratégico no setor de varejo e centros comerciais. A estratégia busca alavancar a experiência acumulada em gestão de empreendimentos de alto padrão no Brasil e aplicar esse know-how no cenário latino-americano.

O México, segunda maior economia da América Latina, possui uma estrutura urbana semelhante ao Brasil em diversas regiões metropolitanas. Cidades como Cidade do México, Guadalajara e Monterrey têm modelos de consumo que atraem operadores comerciais estrangeiros, principalmente no segmento premium, onde a MULTIPLAN quer posicionar-se.

Em 2025, a empresa concentrou esforços na análise de viabilidade e adaptação do seu modelo operacional às exigências regulatórias e fiscais locais, além de estudar o comportamento do consumidor mexicano. O primeiro projeto anunciado foi uma joint venture para o desenvolvimento de um shopping de conceito aberto em Monterrey, fruto da parceria com uma incorporadora local.

Desempenho financeiro e alocação de capital

Durante o segundo semestre de 2025, os investimentos no Brasil ainda não geraram receitas significativas, mas impactaram o fluxo de caixa livre da companhia, reduzindo sua margem operacional em aproximadamente 1,2 ponto percentual ante 2024. A expectativa do mercado é que essas iniciativas se tornem rentáveis a partir de 2027, refletindo, portanto, nas projeções futuras.

Apesar do impacto inicial, a MULTIPLAN manteve a estratégia conservadora de endividamento, com dívida líquida consolidada permanecendo controlada em relação ao EBITDA. Os analistas sinalizam que essa disciplina financeira permite à empresa investir em diversificação geográfica sem comprometer sua solvência ou capacidade de reinvestimento no mercado doméstico.

Recepção do mercado e percepção internacional

A reação do mercado à movimentação da MULTIPLAN foi cautelosamente positiva. O papel (MULT3.SA) teve valorização de 6,8% em 2025, parcialmente impulsionada pela sinalização de que a empresa pode explorar novos mercados com segurança e visão de médio prazo. Investidores institucionais internacionais aumentaram sua exposição à companhia, atingindo participação de 19,4% no free float ao fim de 2025.

Contudo, há críticas quanto à concentração histórica da empresa no setor de shoppings físicos, o qual, embora resiliente, enfrenta pressões do e-commerce e de mudanças nos hábitos de consumo. A eficácia da iniciativa mexicana será testada frente a uma nova geração de consumidores que demandam espaços multiuso e maior integração digital.

O que pode impulsionar as ações da MULTIPLAN em 2026

A valorização das ações MULT3 em 2026 poderá ser guiada por uma série de fatores macroeconômicos, operacionais e financeiros. Identificar os principais catalisadores é papel importante do investidor que deseja antecipar tendências no preço do ativo.

1. Performance do varejo mexicano

O avanço do projeto da MULTIPLAN em Monterrey é diretamente correlacionado ao desempenho macro do México. Em 2026, espera-se crescimento de 2,3% do PIB local, sustentado por crescimento do consumo das famílias e recuperação do investimento privado. Caso o shopping atinja marcos operacionais relevantes — como 70% de ocupação ainda no primeiro ano —, o mercado poderá antecipar projeções otimistas nos demonstrativos da empresa.

2. Dividendos crescentes e recompras

Tradicionalmente, a MULTIPLAN é vista como uma pagadora sólida de dividendos. Em 2026, diante de uma possível normalização operacional no Brasil e início do retorno de capital no Brasil, a companhia poderá aumentar seu payout ou anunciar novo programa de recompra, práticas bem recebidas pelo mercado.

3. Reavaliação de ativos e ganhos contábeis

Outro fator-chave será a possibilidade de reavaliação patrimonial, especialmente se os ativos fora do Brasil forem considerados financeiramente rentáveis. Em caso de valorização imobiliária no Brasil, a MULTIPLAN poderá registrar ganhos contábeis que elevem o valor presente líquido (VPL) de seus empreendimentos e melhorem métricas como NAV por ação.

4. Inovações digitais e integração com e-commerce

Apesar de seu core de operação serem ativos físicos, a MULTIPLAN investe em plataformas de relacionamento com lojistas e consumidores. A ampliação do Multiplan Delivery e novos aplicativos de fidelização poderão gerar dados valiosos e aumentar o tráfego nos malls, o que, por sua vez, tende a elevar a receita por metro quadrado.

Em 2026, qualquer sinalização de aumento de adesão dessas plataformas no mercado mexicano será interpretada como sinal de adaptação estratégica ao novo ambiente digital, o que pode apoiar a valuation premium da MULT3 frente a seus pares.

5. Redução da taxa de juros no Brasil

Internamente, a taxa Selic segue como importante variável. A continuidade da queda dos juros no Brasil pode tornar o setor de shoppings mais atrativo, devido à valorização de ativos reais e redução de custo de capital. A MULTIPLAN, com ativos de alta qualidade e contratos de longo prazo com lojistas, tende a ser beneficiada neste cenário.

"O principal benefício das ações é participar do sucesso de grandes empresas, mas o investidor deve estar disposto a aceitar o risco de mercado: quanto maior o potencial de ganho, maior a possibilidade de enfrentar períodos de perdas temporárias ou permanentes."

"O principal benefício das ações é participar do sucesso de grandes empresas, mas o investidor deve estar disposto a aceitar o risco de mercado: quanto maior o potencial de ganho, maior a possibilidade de enfrentar períodos de perdas temporárias ou permanentes."

Principais incertezas que podem impactar a MULTIPLAN

Apesar da trajetória positiva, o desempenho das ações MULT3 ainda está sujeito a riscos relevantes, principalmente ligados ao ambiente externo, execução estratégica e mudanças regulatórias. Abaixo, listamos os principais pontos de atenção para o investidor.

1. Risco cambial e geopolítico

A entrada no Brasil insere a MULTIPLAN num novo patamar de exposição cambial. A valorização do peso mexicano frente ao real (ou vice-versa) pode impactar significativamente os fluxos de caixa e a rentabilidade dos investimentos. Além disso, questões geopolíticas regionais ou mudança na política fiscal mexicana podem alterar o cenário.

Como a empresa utiliza o real como moeda funcional, lucros ou prejuízos no exterior impactam diretamente as demonstrações financeiras consolidadas.

2. Concorrência local e adaptação cultural

Atuar fora do país implica compreender diferenças culturais profundas. O comportamento de consumo no Brasil, embora semelhante ao brasileiro em alguns aspectos, possui características próprias ligadas à sazonalidade comercial, ticket médio familiar e preferência de marcas.

A concorrência direta no Brasil também é mais fragmentada, com forte presença de operadores locais como GICSA e Grupo Sordo Madaleno. Casos de reversões de shopping centers no país nos últimos cinco anos alertam para os desafios estruturais do setor.

3. Riscos operacionais e atrasos no projeto

Em grandes empreendimentos, atrasos em cronogramas, aumento de custo de materiais ou falhas em aprovações urbanísticas são problemas recorrentes. Caso o projeto de Monterrey tenha qualquer tipo de atrasos relevantes ou incertezas operacionais, a MULTIPLAN pode ser forçada a reavaliar retornos ou até provisionar perdas.

4. Mudanças na regulamentação brasileira

Embora o foco da análise esteja no Brasil, o ambiente regulatório doméstico também deve ser observado. Repostas tributárias como mudanças nos regimes de dedução de juros sobre capital próprio ou novas onerações sobre lucros podem pressionar margens e alterar capacidade de financiamento da empresa.

5. Resiliência do setor de shoppings

Por fim, o modelo de negócio da MULTIPLAN segue fortemente ligado ao segmento de shoppings físicos. Apesar de estável em grandes centros urbanos, mudanças no comportamento do consumidor, aceleração do e-commerce e novas crises sanitárias – como a vivida na pandemia – representam riscos estruturais de longo prazo para o setor e, por consequência, para a companhia.

Em 2026, o investidor deverá observar atentamente indicadores como inadimplência de lojistas, vacância, taxa de renovação de contratos e diversificação de receita não locatícia, que serão decisivos para sustentar múltiplos de valuation premium que a MULT3 carrega historicamente.

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