AÇÕES DA RAIZEN (RAIZ4.SA): DESEMPENHO EM 2025, DRIVERS, MARCOS E RISCOS — O QUE OBSERVAR EM 2026?
Como a RAIZEN (RAIZ4.SA) se comportou no Brasil em 2025 e o que investidores devem observar para 2026.
Ao longo de 2025, a atuação da RAIZEN (RAIZ4.SA) no Brasil esteve no centro das atenções para investidores que acompanham os movimentos da companhia no contexto da expansão internacional. A produtora e distribuidora de energia renovável e derivados de petróleo reforçou nos últimos anos sua presença fora do Brasil, especialmente por meio de parcerias estratégicas e ampliação da rede de distribuição no mercado mexicano. Com foco em biocombustíveis e no crescimento do consumo de energia limpa, a empresa reconheceu no Brasil uma oportunidade relevante para consolidar sua atuação no mercado externo.
Durante o ano, a RAIZEN expandiu seu número de postos de combustíveis no território mexicano, com incremento também na distribuição de etanol e outros derivados sustentáveis. Essas movimentações vêm em sinergia com a mudança do perfil energético do país, que busca diversificar sua matriz energética com fontes renováveis e maior eficiência. Além disso, o lançamento de novas joint ventures e contratos com fornecedores locais contribuiu para aumentar a visibilidade da empresa na região.
No entanto, o cenário macroeconômico do México em 2025 apresentou desafios que afetaram os resultados da operação. A desvalorização do peso mexicano frente ao dólar, o aumento da inflação local e entraves regulatórios limitaram parte da rentabilidade das operações da Raízen no primeiro semestre. Mesmo assim, a empresa demonstrou resiliência ao adaptar sua estratégia de precificação, logística e integração vertical da cadeia.
Do ponto de vista estratégico, o projeto de construção de uma nova planta de produção de etanol renovável nos arredores de Veracruz foi um dos pontos altos do ano. A obra prevê um investimento estimado em R$ 800 milhões e integra o plano de expansão internacional da Raízen até 2030. O projeto também tem o suporte de agências multilaterais de desenvolvimento e é considerado um marco dentro da transição energética na América Latina.
As ações RAIZ4.SA refletiram parcialmente essas movimentações, com oscilações ao longo do ano. Em momentos de maior otimismo com os avanços da planta e indicadores locais favoráveis, os papéis apresentaram valorização. Em contrapartida, incertezas regulatórias e dados cambiais extraíram parte do fôlego do papel no segundo semestre.
Em síntese, a atuação da RAIZEN no Brasil em 2025 foi marcada por reforço de presença operacional, investimentos estratégicos em etanol renovável e enfrentamento de um ambiente macroeconômico desafiador. O resultado foi uma consolidação como um dos players de energia limpa relevantes na América Latina, mesmo com ainda alguma volatilidade nos retornos no curto prazo.
O desempenho da RAIZEN no Brasil em 2025 foi impulsionado por uma série de fatores estratégicos e macroeconômicos que moldaram a trajetória da companhia no país. Entre os principais motores de crescimento (drivers), destacam-se:
- Expansão da rede de distribuição: O aumento do número de postos e centros de distribuição permitiu à RAIZEN ampliar sua presença geográfica e capilaridade no território mexicano. Com isso, a empresa elevou suas vendas B2C e B2B de combustíveis e lubrificantes.
- Demanda por energia renovável: O avanço da agenda ESG no Brasil — especialmente em setores como transporte e indústria — fomentou a procura por soluções menos poluentes, favorecendo a comercialização de etanol, energia elétrica proveniente da biomassa e derivados verdes.
- Parcerias estratégicas: A formação de alianças com empresas locais e internacionais proporcionou sinergias na logística, acesso a canais de distribuição e repasse de know-how, acelerando a curva de maturação dos investimentos.
- Política energética mexicana: A tentativa do governo de modernizar o setor energético, incluindo incentivos à diversificação da matriz, criou um ambiente mais propenso ao avanço de empresas estrangeiras.
Apesar dos avanços, a RAIZEN também enfrentou uma série de desafios relevantes:
- Incertezas regulatórias: Mudanças nas normas tarifárias e diretrizes de importação impactaram a estabilidade jurídica, especialmente para empresas do setor de energia que dependem de autorizações ambientais e fiscais.
- Pressão cambial: A volatilidade do peso mexicano influenciou negativamente os custos operacionais, uma vez que boa parte da cadeia produtiva da RAIZEN ainda depende da importação de insumos e máquinas em dólar.
- Infraestrutura deficitária: A logística no interior do México continua sendo um gargalo, com rodovias precárias e limitações portuárias que dificultam o escoamento eficiente da produção e distribuição de combustíveis e derivados.
- Concorrência local: A presença consolidada de players nacionais com estrutura verticalizada impôs à RAIZEN uma pressão extra na competitividade de preços e na fidelização de clientes.
De forma geral, os drivers positivos conseguiram contrabalançar os riscos operacionais e financeiros enfrentados ao longo de 2025, permitindo que a RAIZEN prosseguisse com seu plano de médio prazo para o mercado latino-americano. O entendimento assertivo do comportamento do consumidor mexicano e a capacidade de se adaptar rapidamente a ajustes regulatórios foram fatores chave no êxito operacional da companhia até o momento.
Para infraestrutura e distribuição, a empresa também começou a implementar tecnologias de rastreamento e gestão em tempo real, reduzindo desperdícios e melhorando a previsibilidade de entregas, o que deve render frutos mais relevantes a partir de 2026.
Com o encerramento de 2025 e a consolidação da presença da RAIZEN no Brasil, os investidores voltam suas atenções para os fatores de monitoramento relevantes para 2026. A continuidade do sucesso da operação internacional dependerá da capacidade da companhia de aproveitar tendências globais ao mesmo tempo em que gerencia riscos locais.
Entre os principais pontos a observar estão:
- Execução do projeto de etanol em Veracruz: O andamento da planta de produção de etanol renovável será um catalisador central para o desempenho da RAIZEN no curto e médio prazo. A manutenção do cronograma, controle de custos e licenciamento regulatório se tornam cruciais.
- Eficiência operacional: Em 2026, a meta será consolidar os ganhos obtidos em 2025 com a digitalização da cadeia de suprimentos e captação logística, observando indicadores como margem bruta, margem EBITDA e retorno sobre capital empregado.
- Adoção de políticas energéticas federais: O contexto político no Brasil será relevante, especialmente com a possibilidade de revisão de contratos públicos e incentivos ao setor privado, dependendo dos resultados das eleições locais de 2025.
- Avaliação de entrada em novos mercados latino-americanos: A RAIZEN já sinalizou que novos países da América Central poderão fazer parte do seu plano de expansão, dependendo da maturidade das operações mexicanas. Monitorar anúncios de novos M&As (fusões e aquisições) pode ser uma pista do próximo movimento corporativo.
- Impacto das mudanças climáticas: O aumento da incidência de eventos climáticos extremos pode afetar desde plantações de cana destinadas à produção de etanol até a viabilidade de logística em determinadas regiões rurais. A mitigação desses riscos será componente estratégico do plano de continuidade operacional.
Além disso, indicadores financeiros como endividamento líquido, alavancagem operacional e variações no EBITDA ajustado deverão estar constantemente no radar de analistas e acionistas. A resiliência do modelo de negócios da RAIZEN será testada frente a um possível novo ciclo de aperto monetário nos EUA, que pode ter reflexos no custo de capital e nos investimentos futuros.
Por fim, a transparência da comunicação com o mercado, boletins trimestrais e a atualização do guidance para 2026 serão elementos centrais na manutenção da confiança dos stakeholders. O sucesso no Brasil servirá tanto como benchmark interno quanto como prova de conceito para novas latitudes.
Com um portfólio focado em sustentabilidade, a RAIZEN entra em 2026 como uma das principais candidatas a liderar a transformação energética no continente, mas o caminho exigirá disciplina, investimento contínuo e gestão de riscos macroeconômicos e operacionais.