AÇÕES DA SLC AGRICOLA (SLCE3.SA): DESEMPENHO EM 2025, DRIVERS, MARCOS E RISCOS — O QUE OBSERVAR EM 2026?
Como SLCE3 se comportou no Brasil em 2025 e o que pode afetar a ação em 2026?
Panorama geral: SLCE3 no contexto mexicano em 2025
Em 2025, a SLC Agrícola (SLCE3.SA) consolidou sua reputação como uma das maiores produtoras agrícolas do Brasil, com um posicionamento estratégico que começa a ganhar tração também no cenário internacional. no Brasil, a empresa concentrou esforços em parcerias comerciais, pesquisas voltadas ao aprimoramento genético e negociações de acordos comerciais para expandir suas exportações. Apesar de não operar diretamente fazendas em território mexicano, o país emergiu como um mercado-alvo relevante para o escoamento de commodities — especialmente soja e algodão.
Durante o período, houve aumento das exportações brasileiras ao México, em parte impulsionado pela desvalorização do peso mexicano e pelas tensões comerciais entre EUA e seus parceiros latino-americanos, o que favoreceu fornecedores alternativos como o Brasil. A SLC Agrícola, por meio de operadores e trading partners, foi beneficiada por esse contexto, especialmente nos segmentos de grãos e fibras.
A valorização de SLCE3 frente a 2024
No mercado acionário, SLCE3 teve desempenho misto ao longo de 2025. Após um início de ano pressionado pelas incertezas climáticas e pela maior volatilidade cambial, a ação ensaiou recuperação no segundo semestre. Analistas apontaram que o segundo trimestre foi o ponto de inflexão, com melhora nos volumes exportados e diminuição dos custos logísticos. A valorização acumulada no ano ficou em torno de 9,4%, com a cotação chegando à casa dos R$ 38,00 no fechamento de dezembro.
Essa trajetória foi amparada por uma política de hedge bem-sucedida, bons volumes de colheita, especialmente de soja segunda safra, e o crescimento do Programa de Agricultura Regenerativa, que atraiu atenção de investidores institucionais preocupados com sustentabilidade.
Interação com cadeias mexicanas e acordos bilaterais
A atuação indireta da SLC Agrícola no Brasil em 2025 dependeu da articulação via parceiros logísticos e traders internacionais com sede nos portos de Altamira e Manzanillo. A assinatura de um memorando de entendimento entre a ApexBrasil e o governo mexicano no início do ano possibilitou a ampliação das rotas comerciais, beneficiando empresas agrícolas exportadoras do Brasil, incluindo a SLC.
Embora sem presença física direta, a SLC participou de feiras agrícolas e intensificou o relacionamento com importadores locais. Setores industriais mexicanos consumidores de grãos — como a avicultura e a indústria têxtil — aumentaram a demanda por insumos fornecidos pela companhia.
Resultados financeiros e EBITDA anual
O EBITDA ajustado da SLC encerrou 2025 com leve avanço de 3,7% em relação a 2024, totalizando R$ 2,08 bilhões. A margem EBITDA permaneceu sólida em 32,4%, refletindo controle de custos, câmbio favorável e uso eficiente de fertilizantes em parte das fazendas da empresa, mesmo com o aumento de preços de insumos no primeiro semestre.
No balanço consolidado, o lucro líquido foi de R$ 1,03 bilhão. A alavancagem financeira se manteve sob controle com dívida líquida/EBITDA em 1,6x. Os dividendos distribuídos ficaram dentro da expectativa do mercado, evidenciando a política consistente de retorno ao acionista.
O que esperar de 2026 para a companhia
Com base nas projeções e planejamento estratégico divulgados ao final de 2025, a SLC pretende reforçar sua liderança em eficiência operacional e práticas sustentáveis em 2026. A empresa não manifestou intenção de estabelecer produção agrícola própria no Brasil, mas sinaliza continuidade e expansão das exportações para o país. A expectativa da diretoria é de crescimento de 10% no volume exportado para os parceiros latino-americanos, com o México sendo peça-chave.
Além disso, a companhia avalia novos contratos de forward e o uso de derivativos para redução de risco de preço e câmbio. A política de ESG continuará como pilar estratégico, especialmente após a adesão a compromissos internacionais como o Science Based Targets initiative (SBTi), e a meta de zerar emissões líquidas até 2040.
Quais serão os impulsionadores do crescimento de SLCE3?
No cenário de 2026, investidores atentos à SLC Agrícola devem observar diferentes elementos que compõem os drivers de valorização e resiliência da empresa. O portfólio diversificado de culturas, a eficiência agronômica, a gestão de risco e o foco em ESG continuam sendo os pilares centrais da projeção positiva para SLCE3.
1. Clima e produtividade agrícola
O desempenho da SLC Agrícola está diretamente vinculado às condições climáticas em regiões-chave como MATOPIBA, Goiás e Mato Grosso. Modelos climáticos para 2026 indicam maior regularidade de chuvas com o retorno do fenômeno La Niña — o que pode favorecer produção de soja e algodão nos primeiros meses do ano. A empresa programa semeadura total em 100% das áreas em sua posse, com plantio direto e manejo conservacionista como tecnologias centrais.
2. Custos de insumos e tecnologias embarcadas
A companhia investe intensamente em automação via agricultura de precisão, com uso de big data, análise satelital e sensores de solo para reduzir desperdícios. A expectativa é que esses investimentos promovam queda de 4% no custo médio de produção por hectare em 2026. Adicionalmente, a centralização da compra de fertilizantes permite negociação mais vantajosa em mercados externos, protegendo margens em contextos de preços elevados.
3. Taxa de câmbio e comércio exterior
Com cerca de 80% da receita exposta ao dólar, o câmbio segue sendo um dos maiores motores de resultado. Caso o real continue sob pressão por fatores fiscais e políticos, como indicado nas projeções de mercado, SLCE3 tende a se beneficiar. Além disso, o avanço em acordos bilaterais com Colômbia, Peru e México pode levar ao aumento das exportações, tornando esses países alternativas relevantes aos tradicionais compradores asiáticos.
4. Avanço das práticas ESG
O investimento contínuo em iniciativas ambientais posiciona a ação de forma atrativa junto a fundos internacionais com mandatos sustentáveis. A SLC iniciou em 2025 um projeto-piloto de reflorestamento em áreas de baixa produtividade e objetiva certificação ESG para 100% das fazendas até o final de 2026.
Além disso, o relatório de sustentabilidade de 2025 trouxe pela primeira vez indicadores auditados por terceiros, consolidando a confiança dos investidores institucionais.
5. Política de dividendos e recompra de ações
A companhia deve manter a política de payout entre 25% e 35%, com espaço para aumento caso a geração de caixa supere projeções. A possibilidade de novos programas de recompra de ações também é avaliada como sinal positivo de comprometimento com criação de valor para o investidor.
Impactos do consumo interno e cenário chinês
Espera-se estabilidade nos preços domésticos de soja e algodão, influenciados tanto por demanda interna (indústria de ração, óleo e têxtil) quanto por oscilação nos estoques chineses. A capacidade da SLC de reagir a essas variáveis e manter margens operacionais será central para o desempenho de SLCE3 em 2026.
Finalmente, o resultado dependerá da disciplina na execução de campo e gestão financeira diante de um provável ambiente global mais volátil, marcado por eleições gerais no Brasil e incertezas sobre a política monetária dos EUA.
Principais riscos e pontos críticos para SLCE3 em 2026
Apesar das perspectivas positivas, investidores devem acompanhar atentamente fatores de risco que podem impactar a valorização da SLC Agrícola ao longo de 2026. Estes incluem elementos externos, operacionais e estratégicos que exigem constante monitoramento.
1. Volatilidade climática e eventos extremos
Embora projeções indiquem clima favorável, eventos extremos como estiagens prolongadas, granizo ou pragas podem comprometer parte da produção e impactar severamente receita e margens. O histórico de adaptação da companhia é sólido, mas fatores exógenos seguem como risco relevante.
2. Oscilação nos preços internacionais de commodities
Ao estar exposta a mercados globais, a SLC está sujeita à volatilidade nas cotações de soja, milho e algodão. Quedas abruptas nos preços internacionais, seja por aumento inesperado de estoques ou mudanças geopolíticas, podem prejudicar o desempenho da empresa mesmo com boa performance operacional.
3. Riscos cambiais e econômicos no Brasil
Alterações nas políticas fiscais e monetárias brasileiras — especialmente em ano eleitoral — representam risco para a estabilidade do real e o custo de capital da empresa. Crescimento da dívida pública ou queda na confiança do investidor pode pressionar a moeda, o que tem efeitos contraditórios para SLCE3: benefícios na receita de exportação, mas custos financeiros mais altos.
4. Logística e gargalos de escoamento
Apesar dos avanços nos corredores logísticos como a Ferrovia Norte-Sul e melhorias portuárias, gargalos de transporte interno e atrasos em embarques permanecem riscos logísticos. Isso é particularmente relevante para a SLC, que opera em regiões afastadas dos portos e depende de planejamento eficiente para garantir embarques conforme cronogramas contratuais.
5. Competição internacional e barreiras comerciais
O aumento da competição de produtores dos EUA, Ucrânia e Argentina — somado à possibilidade de adoção de barreiras fitossanitárias por parte de países importadores — pode afetar a competitividade da agroindústria brasileira. Em 2026, será crucial observar mudanças nas políticas comerciais mexicanas e asiáticas, dado o peso desses mercados na estratégia da SLC.
6. Execução estratégica e governança
A capacidade de execução de projetos e introdução de tecnologias em escala manterá papel central na valorização do papel SLCE3. Investidores devem observar sinais de melhoria na governança, transparência e gestão de risco como critério para sustentar múltiplos mais altos no papel.
Por fim, qualquer mudança no quadro de diretores, especialmente nas áreas financeira e de operações agrícolas, pode gerar volatilidade momentânea, exigindo atenção dos acionistas mais ativos.
Monitoramento contínuo: o que acompanhar em 2026
Ao longo do ano, ficar atento aos relatórios trimestrais de produção, atualizações do guidance corporativo e eventos climáticos será essencial. O papel SLCE3 tende a ter desempenho ligado ao ciclo agrícola, e investidores posicionados devem reavaliar expectativas a cada safra.
Além disso, medidas de sustentabilidade verificáveis e compromissos ESG quantificáveis continuarão a influenciar o apetite institucional pelas ações da companhia, compondo um importante termômetro para valuation e liquidez no pregão.