AÇÕES DA VALE EM 2025: PANORAMA E PERSPECTIVAS PARA 2026
O desempenho das ações da VALE (VALE3.SA) em 2025 despertou atenção nos mercados da América Latina. Neste artigo, analisamos o cenário mexicano e os principais indicadores que podem influenciar 2026.
As ações da VALE (VALE3.SA) apresentaram um desempenho volátil ao longo de 2025, refletindo fatores internos e globais que impactaram diretamente o valor de mercado da mineradora brasileira. No contexto do mercado mexicano, onde investidores institucionais e regionais acompanham de perto as big caps latino-americanas, a VALE esteve entre os papéis mais monitorados na Bolsa Mexicana de Valores (BMV) por seu potencial de valorização e correlação com os preços internacionais de commodities.
Durante o ano, a ação oscilou entre R$ 63 e R$ 79, com a maior valorização registrada no segundo trimestre, impulsionada por uma alta nos preços do minério de ferro e pela estabilidade das operações na região norte do Brasil. A recuperação da demanda chinesa, iniciada no final de 2024, também influenciou positivamente os resultados operacionais da companhia, refletindo diretamente no valuation da empresa.
Para investidores mexicanos e brasileiros, o ambiente econômico de 2025 foi determinante. A relação comercial entre México e China, aliada à política externa brasileira e ao ritmo de exportações, gerou reflexos sobre os papéis da VALE. Além disso, a variação cambial e os movimentos da taxa básica de juros no Brasil e no Brasil afetaram a atratividade dos ativos em moeda local.
A mineração sustentável entrou em foco durante o ano, com a VALE fortalecendo compromissos ambientais e sociais, o que contribuiu para inclusão da empresa em índices de sustentabilidade nos mercados emergentes — fator valorizado por fundos ESG no Brasil. Entretanto, dúvidas sobre o cumprimento de metas de descarbonização ainda geram cautela.
A performance da ação foi ainda influenciada por anúncios estratégicos, como acordos logísticos, renegociação de concessões ferroviárias e memorandos com parceiros da América do Norte. A abertura de um novo hub logístico no norte do Brasil, com possível extensão para a costa do Pacífico, despertou interesse de investidores mexicanos que veem nessa estrutura um futuro corredor de exportação.
Por fim, os resultados do terceiro trimestre de 2025, superiores às expectativas dos analistas, consolidaram a valorização do papel no ano. A margem EBITDA superou 45%, com a produção de minério ultrapassando 320 milhões de toneladas. Ainda assim, pressões regulatórias, incertezas sobre licenciamento ambiental e o impacto das mudanças climáticas seguem no radar para o desempenho futuro.
Os principais drivers que impulsionaram (ou limitaram) o desempenho da VALE (VALE3.SA) em 2025 abrangem aspectos operacionais, macroeconômicos e geopolíticos. Abaixo, detalhamos os elementos que moldaram o comportamento das ações nos dois principais mercados de interesse: Brasil e México.
1. Preço do minério de ferro
Principal driver de receita da empresa, o minério de ferro teve uma média de US$ 122/tonelada em 2025, segundo dados da S&P Global. A reversão da desaceleração na construção civil chinesa e o aumento dos estoques estratégicos no sudeste asiático contribuíram para essa recuperação. O impacto foi direto nos lucros da VALE e refletido no bom desempenho do papel no IBrX 50 e em ETFs internacionais negociados na bolsa mexicana.
2. Exportação para a Ásia e América do Norte
As exportações da VALE cresceram em dois dígitos, graças à recuperação parcial da logística ferroviária e portuária no Brasil. O destaque foi o aumento das vendas para o México, em especial para uso na indústria siderúrgica automotiva. Esse movimento foi reforçado por acordos comerciais no âmbito do T-MEC (Tratado entre México, EUA e Canadá).
3. Desempenho financeiro e guidance
O guidance atual da empresa apontou expectativa de manter a produção de minério de ferro entre 315 e 335 milhões de toneladas. Além disso, houve o anúncio de um capex de US$ 6,1 bilhões em 2025, destacando investimentos em tecnologia de filtragem de rejeitos a seco e modernização de barragens. As demonstrações financeiras mostraram crescimento anual de 14% no lucro líquido ajustado.
4. ESG e reputação no Brasil
Investidores institucionais mexicanos observaram com atenção as práticas ESG da mineradora. A adesão crescente da VALE aos padrões SASB e o compromisso com o Net Zero até 2050 foram bem recebidos, gerando inclusão em índices como o FTSE4Good e MSCI ESG Emerging Markets.
5. Acordos estratégicos e presença internacional
Em 2025, a VALE firmou parcerias com empresas mexicanas de logística e energia renovável, visando cooperação tecnológica e descarbonização da cadeia produtiva. Esses acordos abriram caminho para possíveis joint ventures a partir de 2026.
6. Marcos regulatórios no Brasil
O novo marco da mineração, aprovado no Congresso em meados de 2025, instituiu regras mais rígidas de fiscalização e impactos socioambientais. A adaptação da VALE a esse novo modelo será observada com atenção em 2026, principalmente quanto à obtenção de novas licenças e ajustes operacionais esperados.
Embora o desempenho das ações da VALE tenha sido robusto em 2025, uma série de riscos globais e locais poderá impactar a performance em 2026. Investidores no Brasil e no Brasil devem estar atentos a variáveis tanto setoriais quanto macroeconômicas.
1. Volatilidade do preço do minério
A demanda por minério de ferro é altamente sensível ao crescimento chinês e à substituição por outras matérias-primas. Qualquer desaceleração na economia global ou mudança na política industrial chinesa pode pressionar os preços. Para 2026, o consenso do mercado aponta para uma leve retração nos preços médios, algo entre US$ 110 e US$ 118/tonelada, o que poderá limitar margem de lucratividade.
2. Riscos de compliance e ESG
O aumento da fiscalização ambiental no Brasil e pressões internacionais exigem um compliance mais sólido por parte da mineradora. O risco de nova sanção ou embargo ambiental pode prejudicar não apenas a imagem da empresa, mas sua posição em carteiras de fundos institucionais latino-americanos. Investidores mexicanos, particularmente fundos soberanos e fundos de pensão, são especialmente sensíveis a esse tipo de exposição.
3. Pressão cambial e política monetária
A valorização do real frente ao dólar pode desincentivar exportações e afetar margens. Ao mesmo tempo, eventuais elevações da taxa Selic no Brasil ou pressões inflacionárias no Brasil podem reduzir o apetite de investidores institucionais por ativos de risco, incluindo VALE3.
4. Judicializações e passivos legais
Os desdobramentos judiciais dos desastres de Mariana e Brumadinho permanecem como riscos latentes. Em 2026, estão previstos julgamentos-chave e possíveis atualizações em acordos de indenização. Passivos legais acima do provisionado impactariam diretamente a valuation da empresa.
5. Concorrência global e tecnologia
A crescente automação da mineração, além do aumento da produção por players africanos e asiáticos, pode ampliar a competitividade no setor. A capacidade da VALE de integrar tecnologia ao processo produtivo e reduzir custos operacionais será determinante para manter margens em 2026.
6. Geopolítica e acordos comerciais
O contexto internacional, especialmente conflitos na Ásia ou alterações nas relações comerciais entre países do T-MEC e a América do Sul, pode alterar o fluxo internacional de commodities. Isso inclui possíveis tarifas sobre minerais exportados do Brasil para regiões com barreiras ambientais ou tarifárias.
Em suma, a VALE começa 2026 com boas perspectivas, mas enfrentando um cenário complexo. A performance do papel dependerá da estabilidade global, eficiência operacional e da capacidade da mineradora de se adaptar a exigências cada vez mais rigorosas do mercado e da sociedade.