AÇÕES DA VIA (VIIA3.SA): DESEMPENHO EM 2025, DRIVERS, MARCOS E RISCOS — O QUE OBSERVAR EM 2026?
Entenda como a Via (VIIA3.SA) vem atuando no Brasil, os principais fatores que impulsionam ou ameaçam suas operações, e o que esperar para 2026.
Como foi o desempenho operacional da VIA (VIIA3.SA) no Brasil em 2025?
Em 2025, a VIA (VIIA3.SA), grupo controlador das marcas Casas Bahia e Ponto (antigamente Ponto Frio), consolidou esforços de expansão internacional com foco no mercado mexicano. Essa iniciativa, apesar de discreta, foi considerada pelas lideranças da empresa como uma estratégia crítica para diversificação de receitas e mitigação de riscos do varejo brasileiro.
O desempenho da companhia no Brasil, ao longo de 2025, foi marcado por uma implementação gradual. A entrada se deu majoritariamente por meio do comércio eletrônico, espelhando o modelo omnichannel já praticado no Brasil. Lojas físicas modelo 'pop-up' e centros logísticos em regiões econômicas estratégicas como Cidade do México, Guadalajara e Monterrey complementaram o início das operações.
Segundo dados trimestrais apresentados pela companhia, a presença internacional ainda representa uma parcela pequena da receita total — cerca de 3,1% até o fim de 2025. No entanto, esse percentual é relevante dado o grau inicial da operação. O destaque foi o avanço no número de visitantes únicos via e-commerce no país, com um crescimento de 112% em relação ao início do ano.
Entre os principais produtos demandados estão eletroportáteis, móveis e celulares. A aceitação da marca se deu em parte pelo branding estratégico que priorizou modelos de financiamento acessíveis e entrega rápida, com uso de tecnologias desenvolvidas internamente, como o sistema operacional de logística inteligente usado também no Brasil.
Apesar dos desafios, a operação se manteve com Ebitda neutro, resultado acima das expectativas iniciais que projetavam perdas até 2026. O controle de despesas locais e otimização do supply chain contribuíram para esse desempenho, enquanto o câmbio e a burocracia fiscal mexicana foram os principais obstáculos.
O sucesso relativo da empresa no Brasil durante 2025 garantiu à VIA espaço em algumas análises setoriais como uma das promissoras companhias de varejo na América Latina para investidores que buscam exposição internacional moderada.
Entretanto, analistas seguem cautelosos quanto à longevidade e viabilidade da operação, dada sua dependência de novas rodadas de investimento para escalar o modelo com rentabilidade significativa.
Quais foram os drivers estratégicos que impulsionaram a VIA no Brasil em 2025?
Em termos estratégicos, o desempenho da VIA no Brasil em 2025 pode ser atribuído a um conjunto de fatores-chave — os chamados drivers — que contribuíram para amenizar os riscos usuais de internacionalização no setor de varejo. Abaixo, destacamos os elementos mais relevantes:
- Penetração digital consistente: A companhia manteve foco rígido na presença online como pilar central de expansão, sem investimentos iniciais excessivos em pontos físicos, o que facilitou o controle de custos e testagem de mercado.
- Plataforma logística escalável: Com base na experiência brasileira, a VIA montou hubs logísticos adaptados ao ambiente mexicano e firmou parcerias locais para transporte de última milha, aumentou pontualidade de entrega e reduziu devoluções.
- Ofertas financeiras integradas: A empresa licenciou parte de sua plataforma de crédito e crediário, aplicando-a pessoalmente, por meio de uma joint venture com fintech local, oferecendo opções com inclusividade financeira semelhante ao modelo brasileiro.
- Marketing regionalizado: Campanhas com influenciadores locais reforçaram credibilidade da marca, enquanto publicidades comparativas demonstraram diferenciais logísticos e de preço frente a concorrentes tradicionais como Elektra e Coppel.
- Eficiência operacional: A adoção de automação no atendimento ao cliente e nos fluxos de processamento de pedidos reduziu o time-to-market e os custos operacionais em mais de 10% durante o primeiro ano.
Entre os marcos mais notáveis de 2025 estão:
- Lançamento do app da VIA México em maio, que ganhou 1 milhão de downloads até o fim do ano.
- Implantação do primeiro centro de distribuição local em Tlalnepantla, em agosto, com capacidade para 9 mil pedidos diários.
- Assinatura de acordo com fintech mexicana para operação de meios de pagamento próprios da VIA, o que deve repercutir em melhores margens para 2026.
No campo regulatório, a empresa enfrentou desafios na adaptação fiscal entre os modelos brasileiro e mexicano, especialmente quanto à gestão de ICMS e IVA. Ainda assim, a governança rígida e a contratação de equipe local experiente ajudaram a VIA a cumprir prazos e manobrar burocracias.
O conjunto desses drivers deixa clara uma execução disciplinada, alinhada a um plano de médio prazo e com controle prudente de capital.
Quais riscos permanecem e o que observar em 2026 no Brasil?
Apesar da expansão moderadamente bem-sucedida da VIA no Brasil em 2025, 2026 deve ser o ano em que a consistência do modelo será colocada à prova. Com os primeiros indicadores positivos estabelecidos, os investidores e o mercado passam a observar com mais cautela se a companhia conseguirá escalar a operação de forma rentável. Entre os principais riscos e fatores observáveis estão:
1. Riscos operacionais e econômicos locais
- Inflação mexicana persistente: Pressões inflacionárias elevadas podem corroer o poder de compra da base de consumidores da VIA, dificultando a venda financiada de bens duráveis.
- Taxas de juros em alta: Encarecimento do capital pode reduzir o apetite para compras parceladas, além de encarecer a manutenção da estrutura omnichannel.
- Riscos logísticos: Problemas já observados no segundo semestre de 2025 com a saturação de rotas rodoviárias no norte do México podem comprometer o modelo just-in-time que a VIA utiliza.
2. Concorrência e saturação do mercado
A entrada de novos players — como Magalu e Mercado Libre ampliando presença física — poderá intensificar a competição por market share. Ainda que a VIA tenha entrado antes, a diferenciação da proposta de valor precisará ser reforçada com inovações e fidelização.
3. Dependência de subsídio interno
Outro ponto de atenção é a possível necessidade de reinvestimento vindo do Brasil para manter a operação mexicana. Dado o momento cauteloso da VIA em sua operação doméstica, isso gera dúvidas sobre a sustentabilidade de financiar dois mercados complexos simultaneamente.
4. Governança e adaptação cultural
A adequação contínua às regras trabalhistas, consumo responsável e atendimento ao cliente deve manter a empresa sob escrutínio em 2026. Incidentes de inadequação, caso ocorram, podem comprometer a reputação recém-estabelecida no país.
5. O que observar em 2026
- Crescimento de GMV (volume bruto de mercadorias) na operação mexicana superior a 25% ano a ano.
- Margem bruta estabilizada acima de 23% na região.
- Independência operacional da unidade mexicana, com break-even previsto até o Q4 de 2026.
- Expansão do portfólio de serviços financeiros locais, como seguros e consórcios.
- Lançamentos de lojas físicas permanentes e envolvimento com comunidades locais.
Em suma, 2026 será um ano decisivo. A VIA terá que provar, com rentabilidade e eficiência, que seu modelo no Brasil não é apenas escalável, mas sustentável. A atenção do mercado estará voltada para a capacidade da companhia de equilibrar investimentos, rentabilidade e inovação em dois países ao mesmo tempo.