PROGRAMAS DE PONTOS BANCÁRIOS NO BRASIL
No Brasil, os programas de pontos ou benefícios bancários são sistemas criados para premiar clientes que usam cartões de crédito ou débito em compras do dia a dia. Ao acumular pontos, milhas ou cashback, o consumidor pode trocar por viagens, eletrônicos, descontos ou até dinheiro de volta. Esses programas nasceram como estratégia para fidelizar clientes em um mercado bancário competitivo e hoje estão presentes nos principais bancos do país. Mas, afinal, de onde vem o dinheiro que financia esses “presentes”? Ao longo deste artigo vamos explicar como eles funcionam, quais instituições oferecem, dar exemplos práticos e mostrar como os bancos transformam o que parece ser um brinde em lucro consistente.
Como funcionam os programas de pontos no Brasil
Os programas de pontos bancários no Brasil são estruturados para incentivar o uso do cartão de crédito ou débito em vez do dinheiro vivo. A lógica é simples: quanto mais o cliente consome, mais pontos acumula, e esses pontos podem ser trocados por produtos, viagens, descontos ou cashback. Eles funcionam como um sistema de fidelidade que aumenta a dependência do consumidor em relação ao banco.
Acúmulo e resgate de pontos
A cada compra feita, o banco converte o valor em pontos. A taxa de conversão varia: pode ser 1 ponto a cada R$ 5 ou R$ 10, ou mesmo pontos por dólar gasto em cartões internacionais. O cliente acumula em um saldo virtual que pode ser acompanhado pelo app ou site do banco. A validade costuma ser de 24 a 36 meses, obrigando o consumidor a usar os pontos antes de perder o benefício.
Milhas aéreas: transferidas para programas como Smiles, LATAM Pass e TudoAzul.
Cashback: devolução de um percentual da compra direto na fatura ou conta.
Produtos: eletrônicos, eletrodomésticos, moda e muito mais em catálogos online.
Serviços: ingressos para shows, descontos em restaurantes ou seguros de viagem.
Além dos pontos, muitos bancos oferecem bônus de adesão, promoções sazonais e benefícios extras como seguros, upgrades em voos ou acesso VIP a salas de aeroportos. Isso amplia a sensação de valor entregue ao cliente.
Impacto no consumo
Segundo a Abecs, os programas de fidelidade elevaram em mais de 25% o uso de cartões nos últimos anos. Isso mostra que, mesmo com juros elevados no crédito rotativo, o consumidor valoriza a possibilidade de transformar gastos em vantagens tangíveis. Na prática, esses programas funcionam como um motor de consumo que mantém o dinheiro circulando no sistema bancário.
Principais bancos que oferecem programas no Brasil
No Brasil, quase todos os grandes bancos oferecem programas de pontos ou recompensas. Eles diferem em regras de acúmulo, parceiros e vantagens. Alguns focam em milhas aéreas, outros em cashback ou catálogos diversos. Abaixo, um panorama dos principais.
Grandes bancos tradicionais
Bradesco: Programa Livelo, em parceria com Banco do Brasil, com 1 ponto por dólar em cartões básicos e até 7 pontos em premium como American Express.
Banco do Brasil: Ourocard atrelado ao Livelo, com até 2,5 pontos por dólar e resgates em milhas, produtos e cashback.
Itaú: Programa iupp, com 1 a 3 pontos por real gasto, transferíveis para LATAM Pass e descontos em entretenimento.
Santander: Programa Esfera, com 1 ponto a cada R$ 5, bônus em dias especiais e resgates em parceiros como Smiles.
Caixa: Pontos Caixa, com 1 ponto a cada R$ 10, transferíveis para Azul, LATAM e Gol.
Bancos digitais e cooperativas
C6 Bank: Programa Átomos, com acúmulo no débito e crédito, cashback de até 2% e transferência para programas de milhas.
Nubank: Rewards, com 1% de cashback que rende CDI no Ultravioleta, sem expiração.
BTG Pactual: Foco em alta renda, com cashback em investimentos e pontos transferíveis.
Sicoob e Sicredi: Programas locais que oferecem recompensas em consumo, saúde e educação.
BRB: DUX Visa Infinite, até 7 pontos por dólar, com foco em clientes premium.
Diversidade de opções
Cada banco adapta o programa ao perfil do seu público. Enquanto Bradesco e Itaú miram clientes que buscam viagens e consumo premium, fintechs como Nubank e C6 oferecem soluções mais simples e transparentes, com ênfase em cashback. Já cooperativas como Sicoob e Sicredi priorizam benefícios comunitários. Em todos os casos, o objetivo é o mesmo: fidelizar e aumentar a base de clientes ativos.
De onde vem o dinheiro dos programas
Apesar da aparência de “presente”, os programas de pontos bancários são investimentos estratégicos que retornam em lucro para os bancos. Eles são financiados por diferentes fontes de receita ligadas às próprias operações com cartões.
Principais fontes de financiamento
Taxas de intercâmbio: a cada compra com cartão, o banco cobra do lojista uma taxa de 1% a 3%. Parte disso vai para os pontos, o restante vira lucro.
Juros: no crédito rotativo, as taxas chegam a 400% ao ano. Esse dinheiro cobre e subsidia os benefícios.
Parcerias: companhias aéreas, e-commerces e restaurantes financiam parte dos programas em troca de clientes.
Dados de consumo: informações anônimas sobre hábitos de compra são valiosas para empresas de marketing.
O jogo de ganha-ganha
Para o consumidor, os programas oferecem economia e vantagens. Para o banco, aumentam a fidelização, geram mais transações e, consequentemente, mais receita. Segundo a FGV, esses programas aumentam em até 30% o uso de cartões, criando um ciclo positivo: o cliente sente que ganha, enquanto o banco acumula mais lucros.
Conclusão prática
Em resumo, os programas de pontos bancários no Brasil não são caridade, mas estratégia de negócios. Os bancos financiam com taxas, juros e parcerias, transformando cada ponto em uma peça do jogo de fidelização. Para o cliente, é vantagem se usado com responsabilidade; para o banco, é rentabilidade garantida. O segredo é não cair nos juros altos e aproveitar os pontos a favor do próprio bolso.